quinta-feira, 27 de abril de 2017

Os efeitos da bebida alcoólica no cérebro

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A bebida alcoólica age de forma diferente em cada um e, após algumas doses, sobe à cabeça, inevitavelmente. Os efeitos variam, podendo deixar a pessoa mais desinibida, alegre, leve, corajosa ou, ainda, agressiva e depressiva. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe um nível seguro para o consumo de bebidas alcoólicas. Nesse sentido, entende-se que o uso traz riscos à saúde, especialmente se a pessoa beber mais de duas doses por dia e não deixar de beber pelo menos dois dias na semana.
“O álcool é uma substância que tem efeito depressor no sistema nervoso central. Em pequenas quantidades, deixa a pessoa mais desinibida e relaxada e, conforme o número de doses ingeridas aumenta, a pessoa passa a apresentar diminuição de reflexos, dificuldade de coordenação e alteração de funções visuais”, explica Arthur Guerra, coordenador do Núcleo de Álcool e Drogas do Hospital Sírio-Libanês, presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), além de psiquiatra e especialista em dependência química.

Ele destaca ainda que, em altas concentrações na corrente sanguínea, o álcool pode causar “blecautes” e até mesmo deixar a pessoa inconsciente. E que os efeitos são influenciados por características individuais, como peso, altura, gênero, metabolismo e vulnerabilidade genética. Por atuar diretamente no cérebro, ligada a ações como reflexo e coordenação, a combinação de álcool e volante é perigosa.
“Não há dose segura para o uso de álcool e direção. Diversas pesquisas científicas demonstraram que, mesmo baixos, os níveis de álcool no sangue podem prejudicar a habilidade do motorista para condução de um automóvel e aumentar os riscos de acidente. Certas habilidades necessárias para operar veículo motorizado já são prejudicadas a partir de níveis próximos de zero. A partir do nível de 0,05g de álcool/l de sangue, há perda de reflexos e da percepção visual e aumento do tempo de resposta”.

Além disso, a linha entre o consumo recreativo e a dependência pode ser tênue, uma vez que além da quantidade e frequência de uso, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais também influenciam.

“A dependência ocorre quando o consumo é compulsivo, ou seja, o comportamento do indivíduo está voltado para o impulso de ingerir o álcool. Segundo a classificação da OMS, a dependência é definida como um conjunto de sintomas que se desenvolvem após o uso repetido de álcool”.
  • Sistema renal: Os rins são responsáveis pela filtração final do etanol, de apenas 6% da substância. Mas quando abusamos das bebidas, o etanol altera a capacidade dos rins de filtrar as substâncias do nosso corpo, causando uma alteração dos hormônios que controlam a pressão arterial, o que culmina em hipertensão arterial. 
  • Pulmões: Como o sangue passa pelos pulmões para efetuar as trocas gasosas, nem esse órgão fica livre dos efeitos do álcool. "O etanol deixa as trocas gasosas mais lentas, pois os pulmões recebem um sangue muito sujo", conta Ana Cecilia, especialista pesquisadora da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp e especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead). O resultado disso é uma respiração mais lenta, fazendo a pessoa sentir dificuldades para respirar. É por isso também que o bafômetro capta o álcool ingerido, que ainda está circulante.
  • Sistema cardiovascular:A ingestão de bebidas alcoólicas favorece a liberação de dopamina no cérebro. Este hormônio neurotransmissor é responsável pela regulação de outras substâncias que, por sua vez, regulam o sistema cardiovascular. Isto significa uma possível alteração da pressão arterial, da frequência cardíaca e depois, dos vasos sanguíneos. A taquicardia e a hipertensão arterial são as consequências mais comuns.
  • Sistema muscular: É o sistema nervoso central o grande responsável por movimentar nossos músculos. A médica especialista da Abead explica que além da alteração central causada pelo álcool, que deixa as mensagens que chegam aos músculos mais lentas, as ligações nervosas periféricas são comprometidas, e a sensação é de relaxamento.
  • Sistema hormonal: Ninguém escapa da ação do etanol e, portanto, as glândulas também têm seus produtos, no caso os hormônios, alterados. Porém, são as pessoas que já apresentam doenças de alteração hormonal, como diabetes, que sentem com mais intensidade os danos físicos pela ingestão de bebidas alcoólicas. A principal consequência do abuso de álcool em diabéticos, por exemplo, é uma rápida evolução ao coma alcoólico. Ana explica que o etanol altera a metabolização da glicose pelo fígado e pelo pâncreas, este último já adoecido pelo diabetes. Por conta disso, os danos aparecem mais rápido.
Dentre as doenças que podem surgir do alcoolismo estão gastrite crônica, hepatite crônica que pode evoluir para cirrose, hipertensão arterial, diabetes por alteração crônica no funcionamento do pâncreas e problemas de memória que podem evoluir para demência alcoólica - não só quando está sob os efeitos da bebida, como é o caso do abuso. Além disso, o álcool também altera a imunidade, abrindo caminho para o surgimento de outras doenças.

Via: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br

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