segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Emoções podem desencadear ou agravar doenças na pele

Vírus da catapora também pode atacar na terceira idade

Um emprego novo, projetos que necessitam muita dedicação, perda de entes queridos e términos de relacionamento são algumas das situações que podem acarretar doenças de fundo emocional. A pele e os sentimentos estão mais interligados do que podemos imaginar, sendo que muitas doenças aparecem e não há um fator clínico significante para aquilo, como manchas avermelhadas, coceiras ou insensibilidade cutânea, por exemplo. “Quando o feto está sendo formado, a pele e o sistema nervoso são originados do mesmo folheto embrionário, a ectoderme, o que explica a relação da derme com as emoções”, explica Luis Fernando Tovo, médico dermatologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
As emoções podem tanto ser a causa de doenças dermatológicas mais simples (dermatite seborreica) como a de uma psoríase, ou ainda ter fundo psíquico mais sério, como uma dermatite factícia, que leva a automutilação. Cerca de 40% dos pacientes que buscam auxílio de um médico dermatologista têm algum problema emocional associado. “Algumas doenças de pele, como vitiligo, neurodermite e psoríase, podem ser desencadeadas por sentimentos, podendo ser relacionadas com estresse emocional e outros fatores. Elas se apresentam na pele com morfologia típica, localizações características, algumas acompanhadas de coceira ou sem sintomas”, esclarece Leninha Valério do Nascimento, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Contagioso ou não, tudo o que ocorre na pele é mais visível, podendo gerar insegurança por parte dos pacientes e preconceito por outras pessoas, e, sendo assim, agravar o quadro. É o caso da psoríase, por exemplo. No caso do vitiligo, apesar da causa da doença ainda não ser clara para a medicina, é bastante recorrente o histórico de pacientes que relatam o aparecimento das primeiras manchas depois de traumas emocionais significativos.
O estresse também está associado ao aumento do número de manchas na pele por conta do vitiligo. O contrário também acontece. Em épocas mais tranquilas, com maior estabilidade emocional, a doença fica controlada, sem o aparecimento de novas manchas. Ainda há casos de lesões na pele causadas por problemas psíquicos, como no caso da dermatite artefacta, em que os pacientes se automutilam, com ou sem consciência, levando a lesões na pele; ou a tricotilomania, que leva a pessoa a arrancar os cabelos por estresse emocional. Nessas situações, o caso é tratado em paralelo com um médico psiquiatra.
“É possível que nesses casos a doença não seja clara desde o princípio, já que o paciente chega relatando uma lesão na pele sem evidenciar que ela foi causada pela própria pessoa, necessitando um estudo mais profundo para fechar o diagnóstico”, explica Tovo.

Via: Prof. Dr. Max Grinberg - Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP

0 comentários:

Postar um comentário