quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Salvando vidas sobre duas rodas



*Jussara Melo

As grandes cidades do país sofrem, cada vez mais, com as inúmeras dificuldades de locomoção principalmente, nos horários de pico. A precariedade do transporte público, atrelada ao grande número de veículos nas ruas e avenidas faz com que cresçam os quantitativos de motocicletas e ciclomotores, conhecidos popularmente por cinquentinhas. Todos esses fatores acabam potencializando os acidentes que quase sempre, ocorrem por imprudência e que infelizmente, engrossam as estatísticas de lesões graves e mortes no trânsito.   

Estatísticas apontam para um crescente número de veículos que aos milhares, entram no mercado a cada mês. Este fato piora os congestionamentos, pois, juntamente com a malha viária esburacada, dificultam a fluidez do trânsito.

Esses fatores, como já citamos, aumentam os acidentes e as chamadas de emergência criando uma nova problemática: Como prestar socorro às vítimas em tempo hábil e com segurança ? O problema ficou tão grave que em alguns locais e em determinados horários, mesmo com as sirenes ligadas, as ambulâncias não conseguem transitar. Tudo isso implica em aumento do tempo entre o chamado e a chegada do socorro comprometendo inclusive, muitas vidas. Além disso, sabemos que em um atendimento de emergência, cada minuto sem socorro pode acarretar em complicações no estado de saúde do vitimado deixando inclusive, sequelas irreversíveis que poderiam ser evitadas.

Foi a partir destas questões que o serviço de atendimento de saúde (SAMU), iniciou o processo de implantação de um novo instrumento capaz de responder a esta nova demanda. O objetivo era continuar mantendo  uma resposta rápida, eficaz, segura e operacional no atendimento, pré-hospitalar, mesmo em locais e horários de trânsito intenso. Pensando no tempo resposta das vítimas que é um ponto muito importante para evitar o óbito bem como, sequelas e nas dificuldades de chegar até o local da ocorrência, foram criadas as Motolâncias uma "mistura" de moto e ambulância. Sua regulamentação ocorreu em 8 de Dezembro de 2008 por meio da portaria 2.971/GM/MS do Ministério da saúde.

O veículo de duas rodas equipado e pilotado por um profissional especializado em salvamentos mostra-se como a solução para um menor tempo resposta mesmo em engarrafamentos, malhas viárias esburacadas e lugares de difícil acesso. A mobilidade dessas unidades de atendimento permite uma maior velocidade, mesmo em espaços apertados e em lugares difíceis. O piloto socorrista usa suas habilidades para cortar caminho e chegar mais rápido ao local do chamado, podendo estar inclusive, nos lugares de difícil acesso, mais próximo da vitima. 

As Motolâncias prestam socorro as vítimas de acidente de trânsito e outros atendimentos emergenciais. O material que equipa as bolsas da dupla que normalmente se encaminha as ocorrências  são os mesmos de uma ambulância básica, em menor  quantidade. Após o atendimento  esse material é reposto na base central. A agilidade das  Motolâncias vem prevenindo sequelas em vitimas de muitas cidades do Brasil. O atendimento rápido e de qualidade abre possibilidades para um tempo de internamento mais curto, ou seja, com menos custos para o Estado e menos traumático para o acidentado.

O ministério da saúde orienta as Motolâncias saírem sempre em duplas, resguardando com isso, a segurança pois um condutor dá cobertura ao outro, tanto no deslocamento, quanto no atendimento.  As motos são equipadas com mochilas que contém soros, jelcos, seringas, ataduras, colar cervical, tensiômetro, estetoscópio, glicosímetro, talas, medicação e outros materiais. A respiratória é equipada com um cilindro pequeno de oxigênio, umidificador, látex, vidro de aspiração , kit para contenção hemorrágica, DEA(desfibrilador externo automático) e materiais de vias respiratórias.

Todas as medicações e soluções são usadas sob orientação do médico regulador.

O condutor necessita dos seguintes pré-requisitos: Curso técnico em enfermagem, carteira de habilitação A, curso de condutor de veículo de emergência, curso de pilotagem defensiva, experiência mínima de dois anos em atendimento de emergência, curso de suporte básico de vida ,capacitação e treinamento.


*Jussara Melo é graduanda de enfermagem da FACIPE e primeira motolância feminina do Recife. 

Um comentário:

  1. De fato, as motolâncias vem desempenhando um papel fundamental quanto ao quesito " agilidade no tempo resposta ao atendimento primário", composto por profissionais extremamente habilidosos e qualificados. Encontramos diversas dificuldades para chegar de forma rápida as vítimas, pois as ambulâncias requerem um certo espaço para locomoção, com tudo, os engarrafamentos constantes e os diversos buracos encontrados nas ruas do grande Recife contribuem bastante no atraso do nosso tempo resposta. As motolâncias por sua vez, desempenham um papel fundamental, chegando às vítimas de forma rápida, aumentando assim as chances de sobrevida daqueles que necessitam de um atendimento rápido e eficaz. Parabéns à todos que compõe o quadro da motolância, em especial, a JUSSARA MELO excelente profissional, futura enfermeira! É um prazer trabalhar com você, juntos somos mais fortes, SAMU-RECIFE, orgulho de fazer parte desta linda família, composta por "anjos do resgate". Mercês Alves, enfermeira especialista em emergência e UTI, socorrista do SAMU-RECIFE.

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