terça-feira, 20 de junho de 2017

Epilepsia atinge 1% da população mundial


A cena de uma pessoa caída no chão, inconsciente e se debatendo é muitas vezes a imagem que se tem sobre a epilepsia. Porém, a vida de um paciente que tem a doença não se resume a isso. A epilepsia é marcada pela ocorrência de crises epilépticas. Essas crises são o resultado de uma descarga elétrica excessiva, súbita, geralmente rápida de um grupo de neurônios que se localizam em qualquer lugar do cérebro.


Nem sempre uma crise é caracterizada pela cena descrita acima, pode ocorrer também da pessoa se “desligar” do que estava fazendo e depois de alguns instantes retomar a atividade como se nada tivesse acontecido.




“As manifestações clínicas da crise dependerão não somente da região onde se inicia a descarga, mas também do trajeto de sua propagação para as áreas cerebrais vizinhas. As crises epilépticas nem sempre são convulsivas”, explica Edson Issamu Yokoo, neurologista da rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.



Ao contrário da ideia que se tinha no passado, a epilepsia não é uma doença incapacitante e muito menos rara. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 1% da população mundial tem a enfermidade, ou seja, 72 milhões.



Estima-se que 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle com o uso de medicamento adequado. Os de difícil controle são conhecidos como epilepsias refratárias.



O tratamento envolve a utilização de medicamentos específicos, que apresentam bons resultados e garantem uma vida praticamente normal.



O que ocorre muitas vezes é que poucas pessoas recebem o tratamento adequado.



Na maioria dos casos, a doença é atribuída a pequenas lesões no cérebro, que podem ter origens diversas: desde predisposição genética, quando há casos na família, traumas crânio-encefálicos, tumores e acidentes vasculares encefálicos (AVE), até o uso de drogas, no caso de usuários crônicos.



A doença pode se manifestar em pessoas de qualquer idade, em todas as fases da vida.



Na infância, para alguns tipos de epilepsia, recomenda-se ainda, além do uso do remédio, uma alimentação rica em gorduras e com poucos carboidratos, conhecida também como dieta cetogênica.



“Em muitos casos, existe o desaparecimento espontâneo das crises ao longo dos anos”, afirma o especialista.



Além dos riscos de se machucar durante uma crise, as principais consequências da doença nos pacientes são as de fundo emocional e social.



“A epilepsia envolve o risco de deterioração emocional, devido ao fato de as crises apresentarem caráter imprevisível. A pessoa viverá com um eterno temor de apresentar crise em qualquer momento. Isso faz com que a insegurança tome conta de sua vida, com sérios impactos em sua atividade da vida diária”, alerta o neurologista.



  • O que fazer para ajudar alguém durante uma crise epilética?



– Controle as emoções e aja com calma e serenidade;



– É importante ter em mente que a pessoa que está tendo a crise não tem consciência ou controle motor sobre o seu corpo, por isso falar ou dar comandos não ajudará;



– A prioridade é manter a integridade física de quem está passando pela crise, protegendo seu corpo, principalmente a cabeça, contra traumas no solo ou em objetos que possam causar lesões, como móveis e objetos pontiagudos;



– Mantenha um leve deslocamento lateral da cabeça para que a salivação não se acumule na boca e possa escorrer para o meio externo;



– Não segure os braços ou as pernas para tentar evitar os movimentos da convulsão. Além de ser desnecessário, causará lesões musculares que se mostrarão dolorosas após a crise;



– Não segure a língua ou coloque a mão ou objetos dentro da boca da pessoa que está tendo a crise, mesmo que apresente sangramento. Não há condição anatômica para que ocorra engasgamento com a língua;


– A crise dura de 1 a 3 minutos e cessa espontaneamente. Caso demore mais que 5 minutos ou apresente vários episódios recorrentes, leve a pessoa para um serviço médico de emergência.

Via: NEUROCURSO UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
Revisão técnica: Prof. Dr. Max Grinberg - Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP

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