sexta-feira, 23 de junho de 2017

Diabetes e cardiopatias

Uma das maiores preocupações dos médicos que tratam pacientes com diabetes é como protegê-los dos reflexos e complicações cardiovasculares. Em um primeiro momento, poucos pacientes entendem essa relação.

Mas ela existe – e, segundo pesquisas de órgãos como a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença é considerada um dos maiores fatores de risco para problemas cardíacos.

Estatísticas da SBD sugerem que cerca de 68% das mortes entre pacientes diabéticos com idade acima de 65 anos acontecem devido a problemas cardiovasculares. Adultos com diabetes possuem de duas a quatro vezes mais chances de terem doenças cardíacas do que adultos sem diabetes.

“Os pacientes portadores de diabetes mellitus têm alterações metabólicas como glicose elevada, resistência insulínica, hipertensão arterial e outros fatores que favorecem o aparecimento e aumento da doença aterosclerótica e maior risco de infarto do miocárdio”, diz a endocrinologista Claudia Cozer Kalil.

“E ainda precisamos lembrar que 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 estão acima do peso, e a gordura em excesso se aloja também no fígado, abdômen e músculos, aumentando a produção de substâncias inflamatórias que agridem o sistema vascular e propiciam a formação de placas de ateroma”, completa a médica.

A endocrinologista lembra ainda que os níveis elevados de insulina que normalmente os diabéticos apresentam causam maior retenção de água e sal pelos rins – e favorecem um maior volume sanguíneo circulante, piorando a pressão arterial (outro fator de risco para doenças do coração).
  • Prevenção constante
Esse tipo de diabetes, do tipo 2, é mais comum em pessoas acima dos 40 anos de idade e obesas. Daí buscar um estilo de vida mais saudável ser importantíssimo para controlar o quadro.

A má alimentação, falta de atividade física regular e um falho acompanhamento médico são hábitos que devem ser mudados. Cuidados com a dieta podem, por exemplo, proteger melhor o pâncreas e, assim, evitar seu esgotamento precoce quanto à capacidade de produção de insulina.

A prevenção das doenças cardiovasculares nos pacientes com diabetes é, geralmente, feita por meio do controle desses fatores de risco, observando questões como hipertensão, glicemia, tabagismo, obesidade, colesterol e sedentarismo.

Praticar ao menos 30 minutos de atividade física moderada, como uma caminhada, pelo menos cinco vezes por semana, já ajuda na prevenção. Mas há casos em que é necessário o uso de medicamentos.

Segundo estudos apresentados recentemente nos Estados Unidos, durante o congresso da Associação Americana de Diabetes, o uso de remédios específicos para controlar a glicose no sangue vem mostrando que também pode reduzir em até 15% o risco de ataque cardíaco em pacientes com diabetes do tipo 2.

Os pacientes diabéticos podem, ainda, sofrer um infarto sem perceber imediatamente. Pacientes que convivem com o diabetes há muitos anos e de maneira mal controlada chegam a apresentar uma “isquemia silenciosa” – sem dor. O controle clínico quando se é diabético é, portanto, decisivo.
  • Tratamento abrangente
Segundo Claudia, quando o acompanhamento do paciente diabético acontece com uma equipe multidisciplinar, reunindo especialistas como médicos endocrinologistas, nefrologistas, nutricionistas, educadores físicos e outros, os ganhos são muito maiores para a saúde geral.

Exames mais abrangentes, como cintilografia miocárdica e ecocardiograma, também tornam o atendimento mais completo e eficiente tanto no quadro da diabetes quanto no surgimento das doenças cardíacas associadas.

0 comentários:

Postar um comentário