domingo, 27 de dezembro de 2015

EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA A TRAJETORIA DA JOVEM MÃE NO AMBIENTE ESCOLAR

[*] Priscila Nilma Rodrigues de A. Soares e Joêmia Maria de Lima 

A discursão sobre sexualidade com adolescentes é muito importante, porém muito complicada, principalmente quando se instaura o debate sobre o tema nas instituições educacionais. Os debates ficam ainda mais delicados quando abordam a gravidez na adolescência. Tudo deve ser direcionado de acordo com as condições psicológicas, socioeconômicas e educacionais das jovens.

A organização mundial de saúde compreende como adolescentes os indivíduos com idade entre 10 e 19 anos, no entanto, a Constituição Brasileira de 1998, considera a faixa etária entre 12 e 18 anos incompletos como parâmetro de definição da adolescência, mas por outro lado, o Estatuto da Criança e do Adolescente define 10 anos completos como idade inicial da adolescência que termina aos 18 anos. Mesmo não havendo um consenso no que se refere a idade exata para definir adolescência, consideramos que casos de gravidez, em um destes períodos, se define como “Gravidez na Adolescência”.

Para as adolescentes que estão em desenvolvimento pleno, uma gravidez nesta fase difícil, como muitos consideram, não são planejadas e esperadas, chegam de relacionamentos instáveis e aqui no país estes números são cada vez mais alarmantes.

A prática do sexo, nos dias atuais, está cada vez mais difundida. Isso se deve, em parte, a influência da mídia na vida das pessoas que acabam incitadas a prática sexual. Porém, o problema fica ainda mais grave quando concluímos que não existem ações governamentais com enfoque na educação sexual dentro das escolas como forma de evitar a ocorrência de gravidez.

A escola deve se tornar um recinto de questionamentos acerca da diversidade humana, porém, atualmente o sistema educacional, sobretudo o público, encontra-se muito mais preocupado com conteúdos científicos esquecendo-se de inserir matérias que venham a tratar de problemas da nossa realidade social. Assim, a educação sexual é tratada apenas em eventos como feiras de ciências e muitas vezes, de forma superficial. O governo, no entanto se preocupa, apenas com campanhas esporádicas que não visam à conscientização, mas apenas a informação a respeito dos métodos de contracepção.

E os pais/responsáveis destes adolescentes, o que fazem? Afastam-se dos filhos, ou enfrentam dificuldades para conversar sobre o assunto, muitos acham até normal, por conta da formação moralista que tiveram, causando a triste realidade do crescimento deste índice na população dos nossos pais.

A fase da adolescência por já ser complexa, devido à carga hormonal, que causam mudanças nos adolescentes, permeiam entre suas mentes outros assuntos que os preocupam como, escola, ENEN, vestibular, profissão, etc.

A gravidez por sua vez também é uma etapa complexa na vida, pois a decisão de ter um filho requer um desejo tanto da mãe quanto do pai, consciência, responsabilidade, amplo planejamento do casal, como também deve atentar para os problemas atuais da nossa sociedade como a instabilidade econômica e a crescente violência.

Deve-se destacar que a gravidez precoce não se torna apenas um problema para a menina que vai carregar no ventre, o filho, enfrentar as dores do parto e amamentar o recém-nascido, mais os rapazes também devem ter sua parcela de responsabilidade, neste processo. Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que vai sofrer mudanças, o pai assim como as famílias de ambos também vão absorver todo este processo de adaptação que é imprevisto e inesperado.

Outro problema é a rejeição das famílias, ainda é comum observar os pais abandonarem seus filhos neste momento tão difícil , quando deveriam estar apoiando orientando, dando assistência necessária. Devemos pensar que não é a hora de castigar, mais de procurar remediar, para que não haja nova gravidez precoce. Isto não diz que deve ser apoiado o aborto, jamais, quando referimos que se deve procurar remediar, é no sentido de orientar para que quando adolescente se recupere do parto possa utilizar os métodos contraceptivos de forma correta para evitar uma nova gravidez precoce, ai que entra a educação sexual nas escolas.

A adolescência é um momento de formação, no ambiente social e no escolar e de preparação para o mundo do trabalho, e quando uma gravidez precoce ocorre , significa um atraso ou até mesmo interrupção desses processos, podendo comprometer o inicio da carreira e o desenvolvimento profissional.

As jovens gravidas, muitas vezes apresentam um péssimo rendimento escolar e muitas vezes abandonam os estudos, durante a gravidez, próximo da data do parto ou depois de parir, por não encontrar apoio na escola, falta de professores sensibilizados em ajudar estas alunas, as instituições educacionais não dispõe de lugar apropriado para estas alunas ficarem com seus filhos no horário escolar, não há berçários e as creches são muito distantes das escolas onde estas adolescentes estudam, nos Postos de Saúde ou Estratégia de Saúde da Família (ESF) próxima a sua residência não há grupos de apoio à mãe adolescente e muitas vezes não há palestras de orientação sexual que podem ser ministradas por enfermeira devidamente treinada.

 Muitas jovens relatam que , quando engravidam como não tem apoio da família, orientação por parte do Posto de Saúde de sua comunidade e na escola não encontram orientação e estimulo para continuar os estudos e conciliar com a maternidade acaba por muitas vezes, desistindo e abandonando os estudos, deixando seus sonhos profissionais para traz, com intuito de apenas ser dona de casa e cuidar do filho, sem enxergar um futuro prospero para si, pouquíssimas delas tem apoio do pai da criança e as poucas que tem se sujeitam ao que a família do cônjuge impõe.

Por isso de vê hoje a grande importância de identificar e desenvolver metodologias para ações em educação em sexual nas escolas voltadas para gravidez na adolescência, de acordo com a realidade e do perfil das comunidades onde estes adolescentes residem no intuito de diminuir a incidência de novos casos de gravidez precoce, promovendo apoio as jovens mães, melhoria das condições de saúde destas para diminuição dos índices de abandono e baixo rendimento escolar.

Devemos, pois, refletir sobre, de que modo à educação esta inserida neste contexto, sobre sua relação com as outras áreas de saber como medicina e demografia, gerenciando a sexualidade dos jovens e crianças, pois hoje temos a gravidez na adolescência como apenas um drama na vida da jovem mais como um problema populacional e principalmente deve ser objeto de politicas públicas uma vez que esta questão influi na vida escolar e decisão profissional.

 Valorizar a influencia da educação na organização da população intervindo no contexto da vida das/os jovens, visando às ações educativas em sexualidade devem ser tomadas, como disciplina curricular principalmente por quebrar o modelo padrão imposto pela sociedade, aproximando familiares, ajudando os pais a orientar os filhos, ajudando na queda dos índices de gravidez precoce, baixo rendimento escolar e abandono, focalizando o investimento politico social, estas medidas educativas iriam diminuir os custos, pois adolescentes devidamente orientados, seguros iram se prevenir, provocando um declínio nestes índices, a instalação de creches próximas às escolas, horários que facilitem as jovens mães estudarem e metodologias que ajudem no aproveitamento das matérias.

Já a enfermagem por sua vez o que poderia fazer? A enfermagem voltada para educação sexual dentro das escolas é um fator importante para melhoria institucional da população, pois uma população instruída vai à busca de melhorias para si, e a junção da Estratégia de Saúde da Família (ESF) com as Instituições Educacionais se faz muito importante para que seja efetivado todo este processo.

Uma vez que o enfermeiro está devidamente habilitado a prestar treinamento e orientação a comunidade escolar sobre esta temática através da educação em saúde,  colaborado para ações preventivas para o tema em questão , pois um adolescente bem informado evita tanto a gravidez precoce quanto as doenças sexualmente transmissíveis, bem como na ocorrência procura atendimento adequado e procura evitar a evasão escolar


Como pudemos observar que a Educação Sexual nas Escolas e a Trajetória da jovem mãe no ambiente escolar requer uma atenção por parte das secretarias de educação e saúde na junção do ESF e Escola para desenvolvimento de ações que visem à melhoria das condições de estudo para estas jovens mães.

[*] Alunas do oitavo período de enfermagem (noite)

Referencias:

AGUIAR, Chrydthynelle Andressa Pereira Rodrigues da Silva. Importancia da enfermagem na orientação sexual de adolescente no ambiente escolar. 2012. 19f. Tese (Doutorado) - Curso de Enfermagem, Facider, Guarantã do Norte, 2012Revista Brasileira de Estudos de População, v.19, n.2, jul./dez. 2002.

CAMPOS, M. A. B. Gravidez na Adolescência. A imposição de uma nova identidade. Atual, 2000.
Diversidade sexual e educação: desafios para a formação docente | Altmann | Sexualidad, Salud y Sociedad RevistaLatinoamericana http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/SexualidadSaludySociedad/article/view/4227 1
Educação em Revista. Belo Horizonte. N. 46. P. 287-310. Dez. 2007 http://www.infoescola.com/sexualidade/gravideznaadolescencia/2/5
GUIMARÃES, E. B. Gravidez na adolescência: fatores de risco. In: Saito, M.I. & Silva, E.V. Adolescência Prevenção e Risco. São Paulo, Atheneu, 2001.·.

 FERNANDES, Clodoaldo Ferreira. Realidade Ou Politicas Publicas para a diversidade sexual em contexto escolar. 2014. 150f. Tese ( Doutorado) - Curso de Letras, Ueg. Goias, 2014.     

Revista CAMINE: Caminhos da Educação, Franca, v. 6, n. 2, 2014.
ISSN 2175-4217

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