terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Número de infectados pela Aids ainda é alto no Brasil


Por conta do avanço da medicina, a Aids já não é mais uma sentença de morte, como na década de 1980. Ainda assim, são cerca de 830 mil brasileiros vivendo com HIV, segundo dados de 2015 da UNAids, órgão das Nações Unidas para questões relacionadas à doença. Desse total, 112 mil desconhecem a sua condição. A estimativa do órgão é que, no ano passado, tenham ocorrido cerca de 44 mil novas infecções no Brasil, um número alto considerando as informações que já se têm sobre a doença e as medidas possíveis para sua prevenção. No entanto, a taxa de detecção em menores de cinco anos caiu 36% nos últimos seis anos – isso significa que o cuidado com gestantes soropositivas tem evitado a transmissão vertical (na gravidez ou no momento do parto).

“Apesar de o tratamento ter avançado muito nos últimos anos, garantindo aos pacientes viverem com qualidade de vida e durante muitos anos, ainda assim é uma doença crônica, que requer cuidados, que não tem cura, com tratamento intensivo, com efeitos colaterais e impacto no modo de vida”, alerta Rosa Alencar, infectologista e coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo. Segundo dados do Ministério da Saúde, de 2005 a 2014, a Aids entre jovens de 15 a 19 anos mais que triplicou e, na faixa de 20 a 24 anos, quase dobrou.

Outra população vulnerável é a de homossexuais, com a maior proporção de infectados entre os do grupo de risco (15 a 24 anos), com taxa de 10,5%, mostrando a importância de reforçar as campanhas de prevenção entre esses públicos.

“Quando os jovens de hoje nasceram, a Aids já estava controlada e tinha tratamento, o que faz com que muitos subestimem a doença. Também é uma geração que tem mais facilidade de encontrar parceiros, por conta da tecnologia, o que aumenta a exposição”, destaca Rosa.
  • Referência
O Brasil é considerado referência no controle da Aids pela ONU, sendo um dos primeiros países a oferecer combinação do tratamento para HIV. Realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita e com a utilização de medicamentos de última geração, o tratamento garante maior qualidade de vida e menos efeitos colaterais, possibilitando que os infectados tenham uma vida normal. O País adotou ainda em 2013, como estratégia para controle da epidemia, tratamento para todas as pessoas infectadas com HIV, independentemente de seu estado imunológico.

Também não é preciso aguardar a doença se manifestar. Hoje já está disponível na rede pública de saúde a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) ao HIV, indicada para quem teve contato com o vírus, seja por relações sexuais sem proteção, rompimento de camisinha ou violência sexual. A PEP atua como tratamento preventivo, com o uso de remédios antirretrovirais por um período de 28 dias, impedindo a sobrevivência e multiplicação do HIV no organismo, podendo ser utilizado até 72 horas após a exposição ao vírus.
  • Prevenção
A principal forma de prevenir a Aids é usando preservativo nas relações sexuais, mas o vírus HIV pode ser transmitido por agulhas contaminadas, por contato com fluidos corporais de portadores da doença e de mãe para filho. Para evitar o contágio, seringas e agulhas não devem ser compartilhadas. Gestantes portadoras de HIV precisam seguir tratamento recomendado durante o pré-natal para evitar a contaminação do bebê. Em caso de suspeita de contaminação, o serviço de saúde deve ser procurado rapidamente para a realização de exames e profilaxia. 

“Quanto mais precoce é o diagnóstico, mais rapidamente o paciente inicia o tratamento, com melhor resposta aos remédios, e não transmitindo a doença para outros. O teste é feito de forma gratuita e rápida, contando com toda uma equipe de apoio para auxiliar o paciente”, explica a infectologista.

Os moradores de São Paulo contam ainda com o serviço Disque DST/Aids, um atendimento por telefone e que esclarece dúvidas referentes a doenças sexualmente transmissíveis (DST) e também orienta sobre serviços especializados em Aids e centros de testagem para HIV, sífilis e hepatites B e C, em todo o Estado. A ligação é gratuita pelo número 0800162550.
  • Terapias complementares
Há uma parcela de pacientes HIV positivos que, além de realizarem o tratamento com medicamentos, fazem terapias complementares, como a acupuntura, que já estão disponíveis em unidades públicas de saúde. Essas técnicas terapêuticas não substituem o tratamento com antirretrovirais, mas oferecem ao paciente com Aids alívio dos sintomas da doença. O número de pessoas infectadas e tratadas subiu 38% de 2013 para cá, passando de 355 mil para 489 mil atualmente. De acordo com o médico infectologista e acupunturista Marco Broitman, são inúmeros os fatores que afetam a qualidade de vida dos pacientes soropositivos, estando ou não em tratamento medicamentoso. Estresse, ansiedade, depressão, dores, insônia, fadiga, perda de peso, náuseas, anorexia, diarreia e disfunção sexual são alguns deles.

“A acupuntura pode beneficiar os pacientes a qualquer momento no curso de seu tratamento, tanto para tratar os aspectos emocionais e psicológicos como para as consequências da progressão da doença e possíveis efeitos adversos dos medicamentos”, afirma.

Os efeitos colaterais da medicação também podem afetar fortemente um paciente com HIV. “Em algumas situações particulares, o ‘coquetel’ pode levar a mais efeitos adversos, como náuseas, diarreia, insônia e neuropatias”, explica Broitman. Além da acupuntura, outras técnicas como tai chi, meditação, homeopatia, fitoterapia são empregadas na rede pública. Segundo o especialista, estudos associam portadores de doenças crônicas à elevada procura por tratamentos complementares à medicina tradicional. As terapias complementares podem causar efeitos adversos, mas são mínimos e raramente significativos. As técnicas, no entanto, precisam ser aplicadas por profissionais especializados para garantir a segurança dos pacientes.

Via: Prof. Dr. Max Grinberg - Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP

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