As mulheres usam saltos
altos de acordo com as necessidades estéticas da sociedade moderna. Contudo,
esta escolha coloca em risco a sua saúde.
Os saltos altos são comumente
utilizados pelas mulheres, funcionando como um elegante recurso. A escolha
deste calçado adapta-se a algumas atividades profissionais e eventos sociais,
mas infelizmente, não se adapta à anatomia corporal. O seu uso excessivo provoca
alterações posturais importantes e compromete o funcionamento normal das
articulações, o que origina graves problemas de saúde. Neste sentido, torna-se
premente alertar para os principais riscos associados a esta escolha, que
melhora apenas a estética corporal.
Os saltos altos
(comprimento superior a 4 cm) geram uma deslocação anterior do centro de
gravidade, que desencadeia desalinhamentos articulares, alterações posturais e
problemas importantes nos tornozelos e pés. Para se equilibrarem, as mulheres
aumentam a tensão nos músculos das costas, ancas e pernas, o que leva ao seu
encurtamento, fraqueza e fadiga, causando dor e cãibras.
A alteração da curvatura da
coluna lombar (aumento da curvatura, hiperlordose) provoca degeneração
articular e dos discos intervertebrais, podendo causar hérnias e estenose
do canal vertebral (diminuição do lúmen do canal) com consequentes compressões
medulares ou das raízes nervosas (“nervos”), que originam dor lombar e
ciatalgia (“dor ciática”). O desalinhamento articular entre as ancas e
joelhos traz um aumento de pressão intra-articular nos joelhos, originando
osteoartrite/artrose (degeneração articular).
Verificam-se também
encurtamentos importantes dos músculos posteriores da perna (vulgarmente
conhecidos como gémeos) e retrações no Tendão de Aquiles, com várias consequências
no padrão da marcha e desequilíbrios posturais.
A posição do pé e os
desequilíbrios na distribuição do peso corporal forçam os dedos a um
encurtamento (dedos em martelo) que proporciona um aumento significativo da
pressão a este nível, provocando artroses (nomeadamente Hallux Valgus ou
“joanetes”). Surge também a fascite plantar (inflamação de uma fáscia que
reveste a planta do pé, por excessivo estiramento); metatarsalgia (dor nos
metatarsos, ossos do pé), Deformidade de Haglund (deformidade do
calcanhar, pela pressão realizada contra o sapato, que causa inflamação no
Tendão de Aquiles e bursa/”bolsa” que o protege); e Neuroma de Morton
(espessamento/tumor benigno de um nervo que passa entre o 2º e 3º ou 3º e 4º
dedos, causa dormência e dor). Os traumas e alterações de crescimento nas
unhas dos pés, flictenas (“bolhas”), calos e calosidades, alterações
circulatórias e edemas nos pés (“inchaços”) são outras disfunções presentes.
Para além do aumento do
risco de quedas e entorses, andar de saltos altos origina alterações posturais
que provocam em suma dor, inflamação, rigidez articular, incapacidade funcional
e diminuição da qualidade de vida. Apesar de poder ser uma opção de calçado, o
seu uso deve ser acautelado, podendo ser uma escolha para uma ocasião, mas
certamente não para todos os dias.
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