[*] Priscila Nilma Rodrigues de A. Soares e Joêmia Maria de Lima
A
discursão sobre sexualidade com adolescentes é muito importante, porém muito
complicada, principalmente quando se instaura o debate sobre o tema nas
instituições educacionais. Os debates ficam ainda mais delicados quando abordam
a gravidez na adolescência. Tudo deve ser direcionado de acordo com as condições
psicológicas, socioeconômicas e educacionais das jovens.
A organização mundial de saúde
compreende como adolescentes os indivíduos com idade entre 10 e 19 anos, no
entanto, a Constituição Brasileira de 1998, considera a faixa etária entre 12 e
18 anos incompletos como parâmetro de definição da adolescência, mas por outro
lado, o Estatuto da Criança e do Adolescente define 10 anos completos como
idade inicial da adolescência que termina aos 18 anos. Mesmo não havendo um
consenso no que se refere a idade exata para definir adolescência, consideramos
que casos de gravidez, em um destes períodos, se define como “Gravidez na
Adolescência”.
Para as adolescentes que
estão em desenvolvimento pleno, uma gravidez nesta fase difícil, como muitos
consideram, não são planejadas e esperadas, chegam de relacionamentos instáveis
e aqui no país estes números são cada vez mais alarmantes.
A prática do sexo, nos dias
atuais, está cada vez mais difundida. Isso se deve, em parte, a influência da mídia
na vida das pessoas que acabam incitadas a prática sexual. Porém, o problema
fica ainda mais grave quando concluímos que não existem ações governamentais com
enfoque na educação sexual dentro das escolas como forma de evitar a ocorrência
de gravidez.
A escola deve se tornar um
recinto de questionamentos acerca da diversidade humana, porém, atualmente o
sistema educacional, sobretudo o público, encontra-se muito mais preocupado com
conteúdos científicos esquecendo-se de inserir matérias que venham a tratar de
problemas da nossa realidade social. Assim, a educação sexual é tratada apenas
em eventos como feiras de ciências e muitas vezes, de forma superficial. O
governo, no entanto se preocupa, apenas com campanhas esporádicas que não visam
à conscientização, mas apenas a informação a respeito dos métodos de
contracepção.
E os pais/responsáveis destes
adolescentes, o que fazem? Afastam-se dos filhos, ou enfrentam dificuldades
para conversar sobre o assunto, muitos acham até normal, por conta da formação
moralista que tiveram, causando a triste realidade do crescimento deste índice
na população dos nossos pais.
A fase da adolescência por
já ser complexa, devido à carga hormonal, que causam mudanças nos adolescentes,
permeiam entre suas mentes outros assuntos que os preocupam como, escola, ENEN,
vestibular, profissão, etc.
A gravidez por sua vez
também é uma etapa complexa na vida, pois a decisão de ter um filho requer um
desejo tanto da mãe quanto do pai, consciência, responsabilidade, amplo
planejamento do casal, como também deve atentar para os problemas atuais da
nossa sociedade como a instabilidade econômica e a crescente violência.
Deve-se destacar que a
gravidez precoce não se torna apenas um problema para a menina que vai carregar
no ventre, o filho, enfrentar as dores do parto e amamentar o recém-nascido,
mais os rapazes também devem ter sua parcela de responsabilidade, neste
processo. Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida
que vai sofrer mudanças, o pai assim como as famílias de ambos também vão
absorver todo este processo de adaptação que é imprevisto e inesperado.
Outro problema é a rejeição
das famílias, ainda é comum observar os pais abandonarem seus filhos neste
momento tão difícil , quando deveriam estar apoiando orientando, dando
assistência necessária. Devemos pensar que não é a hora de castigar, mais de
procurar remediar, para que não haja nova gravidez precoce. Isto não diz que
deve ser apoiado o aborto, jamais, quando referimos que se deve procurar
remediar, é no sentido de orientar para que quando adolescente se recupere do
parto possa utilizar os métodos contraceptivos de forma correta para evitar uma
nova gravidez precoce, ai que entra a educação sexual nas escolas.
A adolescência é um momento
de formação, no ambiente social e no escolar e de preparação para o mundo do
trabalho, e quando uma gravidez precoce ocorre , significa um atraso ou até
mesmo interrupção desses processos, podendo comprometer o inicio da carreira e
o desenvolvimento profissional.
As jovens gravidas, muitas
vezes apresentam um péssimo rendimento escolar e muitas vezes abandonam os estudos,
durante a gravidez, próximo da data do parto ou depois de parir, por não
encontrar apoio na escola, falta de professores sensibilizados em ajudar estas
alunas, as instituições educacionais não dispõe de lugar apropriado para estas
alunas ficarem com seus filhos no horário escolar, não há berçários e as
creches são muito distantes das escolas onde estas adolescentes estudam, nos
Postos de Saúde ou Estratégia de Saúde da Família (ESF) próxima a sua
residência não há grupos de apoio à mãe adolescente e muitas vezes não há
palestras de orientação sexual que podem ser ministradas por enfermeira
devidamente treinada.
Muitas jovens relatam que , quando engravidam
como não tem apoio da família, orientação por parte do Posto de Saúde de sua
comunidade e na escola não encontram orientação e estimulo para continuar os
estudos e conciliar com a maternidade acaba por muitas vezes, desistindo e
abandonando os estudos, deixando seus sonhos profissionais para traz, com
intuito de apenas ser dona de casa e cuidar do filho, sem enxergar um futuro
prospero para si, pouquíssimas delas tem apoio do pai da criança e as poucas
que tem se sujeitam ao que a família do cônjuge impõe.
Por isso de vê hoje a grande
importância de identificar e desenvolver metodologias para ações em educação em
sexual nas escolas voltadas para gravidez na adolescência, de acordo com a
realidade e do perfil das comunidades onde estes adolescentes residem no
intuito de diminuir a incidência de novos casos de gravidez precoce, promovendo
apoio as jovens mães, melhoria das condições de saúde destas para diminuição
dos índices de abandono e baixo rendimento escolar.
Devemos, pois, refletir
sobre, de que modo à educação esta inserida neste contexto, sobre sua relação
com as outras áreas de saber como medicina e demografia, gerenciando a
sexualidade dos jovens e crianças, pois hoje temos a gravidez na adolescência
como apenas um drama na vida da jovem mais como um problema populacional e principalmente
deve ser objeto de politicas públicas uma vez que esta questão influi na vida
escolar e decisão profissional.
Valorizar a influencia da educação na
organização da população intervindo no contexto da vida das/os jovens, visando às
ações educativas em sexualidade devem ser tomadas, como disciplina curricular
principalmente por quebrar o modelo padrão imposto pela sociedade, aproximando
familiares, ajudando os pais a orientar os filhos, ajudando na queda dos
índices de gravidez precoce, baixo rendimento escolar e abandono, focalizando o
investimento politico social, estas medidas educativas iriam diminuir os custos,
pois adolescentes devidamente orientados, seguros iram se prevenir, provocando
um declínio nestes índices, a instalação de creches próximas às escolas,
horários que facilitem as jovens mães estudarem e metodologias que ajudem no
aproveitamento das matérias.
Já a enfermagem por sua vez
o que poderia fazer? A enfermagem voltada para educação sexual dentro das
escolas é um fator importante para melhoria institucional da população, pois
uma população instruída vai à busca de melhorias para si, e a junção da
Estratégia de Saúde da Família (ESF) com as Instituições Educacionais se faz
muito importante para que seja efetivado todo este processo.
Uma vez que o enfermeiro
está devidamente habilitado a prestar treinamento e orientação a comunidade
escolar sobre esta temática através da educação em saúde, colaborado para ações preventivas para o tema
em questão , pois um adolescente bem informado evita tanto a gravidez precoce
quanto as doenças sexualmente transmissíveis, bem como na ocorrência procura
atendimento adequado e procura evitar a evasão escolar
Como pudemos observar que a
Educação Sexual nas Escolas e a Trajetória da jovem mãe no ambiente escolar
requer uma atenção por parte das secretarias de educação e saúde na junção do
ESF e Escola para desenvolvimento de ações que visem à melhoria das condições
de estudo para estas jovens mães.
[*] Alunas do oitavo período de enfermagem (noite).
Referencias:
AGUIAR, Chrydthynelle
Andressa Pereira Rodrigues da Silva. Importancia da enfermagem na orientação
sexual de adolescente no ambiente escolar. 2012. 19f. Tese (Doutorado) - Curso
de Enfermagem, Facider, Guarantã do Norte, 2012Revista Brasileira de Estudos de
População, v.19, n.2, jul./dez. 2002.
CAMPOS, M. A.
B. Gravidez na Adolescência. A imposição de uma nova identidade. Atual, 2000.
GUIMARÃES, E.
B. Gravidez na adolescência: fatores de risco. In: Saito, M.I. & Silva,
E.V. Adolescência Prevenção e Risco. São Paulo, Atheneu, 2001.·.
FERNANDES, Clodoaldo Ferreira. Realidade Ou
Politicas Publicas para a diversidade sexual em contexto escolar. 2014. 150f.
Tese ( Doutorado) - Curso de Letras, Ueg. Goias,
2014.
Revista
CAMINE: Caminhos da Educação, Franca, v. 6, n. 2, 2014.
ISSN
2175-4217