O ministro da Saúde, Ricardo
Barros, defendeu ontem a adoção de biometria em todas as unidades de saúde e de
um “padrão de produtividade” para fiscalizar o trabalho de profissionais que
atuam no SUS, em especial os médicos. “Vamos parar de fingir que pagamos o
médico e o médico tem que parar de fingir que trabalha”, disse. “A biometria do
funcionário vai permitir que essas pessoas cumpram o contrato que fizeram com o
poder público”, afirmou.
Segundo o ministro, é
preciso também estabelecer metas de desempenho para que as prefeituras possam
fiscalizar o trabalho dos médicos, como tempo destinado às consultas, por
exemplo. “Vamos estabelecer metas, e quem estiver abaixo do seu desempenho, vai
ser chamado a aumentar sua produtividade”.
Ele cita como exemplo o
parâmetro da OMS (Organização Mundial de Saúde), que prevê cada consulta dure
cerca de 15 minutos. “Hoje o médico vai lá, faz quatro horas de concurso e
marca 16 consultas. Ele faz cinco minutos de consulta e vai embora. Queremos o
médico no tempo que concursou”, disse.
Em uma declaração polêmica,
Barros afirmou ainda que muitos pacientes buscam diretamente o pronto-socorro
dos hospitais porque médicos não cumprem a carga horária contratada nas
unidades básicas de saúde, que deveriam responder pelo primeiro atendimento.
“O grande problema de saúde
é que não conseguimos fazer com que o médico fique quatro horas na unidade de
saúde. A pessoa que tem problema vai diretamente no hospital, porque lá ele
sabe que vai estar o médico”, disse.
De acordo com Barros, cerca
de 50% dos médicos que trabalham em municípios onde há biometria pedem
demissão. “Tenho 100 horas contratadas, eles fazem 30. Se metade for embora e a
outra metade cumprir as quatro horas, estamos aumentando a disponibilidade de
médicos para a população”, disse, citando o fato de que a maioria têm mais de
um emprego e, com isso, não consegue cumprir a jornada.
Ainda segundo o ministro, o
governo já publicou um credenciamento para selecionar empresas de informática
para informatizar e ter a oferta de biometria nas unidades de saúde até 2018. O
custo deve ser dividido entre União e municípios.
Essa não é a primeira
crítica do ministro ao trabalho dos médicos. Nos últimos meses, o ministro
entrou em atrito com entidades como o CFM (Conselho Federal de Medicina) após
afirmar que os médicos brasileiros não mostram disposição para o trabalho. Na
época, o conselho reagiu afirmando que o ministro demonstra “desconhecimento da
dedicação dos médicos brasileiros na assistência à população” e “ignora os
esforços despendidos por estes profissionais”. A declaração ocorreu durante
evento para anunciar o repasse de R$ 1,7 bilhão a municípios para ações na
atenção básica em saúde e oferta de transporte para pacientes.
Fonte: Folha Pe.
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