Pelo
Mundo
Estamos
espalhados pelo mundo. Somos muitos, os portugueses que se aventuram - ou
aventuraram - pelos quatro cantos deste globo azul e verde que nos acolhe.
Fomos impelidos pela vontade da mudança e pela curiosidade. Sentimos ainda o
apelo a novas transformações, novas formas de viver, de ver as diferentes
realidades. É quase uma tatuagem genética, esta luta por ir, por viajar, por
manter diferentes e variadas relações. Afinal, com meia dúzia de gentes, há
alguns anos atrás, atravessamos os mares e as terras, atravessamos culturas,
trouxemos novas formas de estar.
São
muitos os meus colegas de profissão, e portugueses, que neste momento se
encontram a descobrir rumos noutros países. Como antigos navegantes, são
atrevidos e ousaram cruzar as fronteiras. Foram, e ainda são corajosos,
afirmando-se pelas suas extraordinárias competências e sentido de pertença nas
instituições que os acolheram. Somos um povo querido pelos outros que nos
desejam lá, com eles, e a trabalhar para edificar algo melhor. Foram, os meus
colegas, à procura das melhores condições, movidos pela vontade da experiência
e pelo apelo de serem melhores. Nunca a nossa Enfermagem será a mesma depois de
os receber de volta, ou de os mesmos contribuírem para esta profissão que nos
vai escolhendo - e mantendo, pela beleza das ações que podemos desenvolver.
São
diferentes as formas de trabalhar e ser Enfermagem nos países que os mantêm em
comum connosco. Em terras de Vera Cruz assistimos a um desejo de uma Enfermagem
mais espiritualizada, mais humanizada, menos técnica. Por lá, do outro lado do
Atlântico, onde igualmente se fala um português meio cantado meio sambado, a
Enfermagem constrói-se através dos intercâmbios, da interculturalidade, através
da aceitação e do grande trabalho com e para a equipa.
A
energia quase contagiante dos nossos irmãos da América do Sul dilui-se no papel
da Enfermagem, sendo esta profissão muito caraterizada pela alegria e pelo
fazer do bem. São menos normativos que os restantes colegas do norte do
continente americano, que trabalham igualmente de acordo com a sua cultura - de
forma contínua, ritmada, albergando a formalidade na sua relação - no entanto
sem descuidar o grande interesse pelo avanço científico da profissão, que tanto
ajuda à qualidade e à afirmação na academia.
Por
cá, deste lado da Europa, a Enfermagem é vivida igualmente de acordo com a
cultura de cada país, sendo o nosso Portugal - país de atrevidos e teimosos
aventureiros - responsável por grandes avanços no que diz respeito ao desenvolvimento
científico, inovação e ideias criativas neste campo da saúde. Somos, aqui,
pioneiros, grandes trabalhadores e altamente habilitados no que diz respeito à
Enfermagem. Todavia não é apenas aqui, no nosso retângulo, que damos cartas.
Afinal,
estamos a enviar os nossos profissionais, de grande qualidade e com as tais
excelentes competências, para os outros países do estado europeu - é óbvio que
lá, os nossos colegas enfermeiros, continuam o seu bom trabalho, sendo
responsáveis pelo avanço da Enfermagem em terras além lusas. É pena que não
seja cá, este avanço que estamos a ajudar a construir.
Aproximam-se as decisões relativas ao próximo Bastonário da Ordem dos Enfermeiros. É necessário rejuvenescer, olhando para o passado. Pensar no que é urgente realizar a curto prazo - porque o longo ainda é muito longe, não nos ajuda à decisão que se quer imediata.
Aproximam-se as decisões relativas ao próximo Bastonário da Ordem dos Enfermeiros. É necessário rejuvenescer, olhando para o passado. Pensar no que é urgente realizar a curto prazo - porque o longo ainda é muito longe, não nos ajuda à decisão que se quer imediata.
Pensar
ainda no que se tem realizado por esse globo fora, naqueles que são nossos e
que fariam a diferença cá. Esse novo Bastonário deverá ser ousado, atrevido e
navegante. Reunir consensos e unir fações. Centrar-se no que é realmente
importante, e distinguir-se das rotinas e hábitos que têm vindo a ser parte de
uma Ordem que se quer mais organizada.
Não
vale a pena somente olhar para o lado e pensar que a responsabilidade é do
outro. Afinal, o Bastonário será eleito por nós, que queremos uma maior e melhor
Enfermagem. A nossa nau terá de conter aquilo que nos representa e figura, com
centro na população que carece dos nossos cuidados. Resta-nos apetrechar os
barcos e as naus de forma a não andarmos à deriva. E mantermos a tatuagem do
atrevimento e da determinação, com vista a mudanças e transformações.
Autora:
Analisa Candeias
Fonte:
Correio do Minho
Site:
http://www.correiodominho.com/cronicas.php?id=6832
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