Entretanto, embora muita ênfase seja dada a este fator, apenas entre 5 e 15% dos casos estão associados à presença de uma mutação, transmissível hereditariamente.
Por outro lado, a imensa maioria da população desconhece que fatores ligados a hábitos alimentares e estilo de vida têm imensa importância na gênese de uma série de tumores, tais como neoplasias de mama, endométrio, colón e reto, pâncreas, esôfago, tireoide, vesicular biliar e rim.
Ao contrário dos fatores genéticos e hereditários, sobre os quais um indivíduo não tem qualquer controle, podemos atuar ativamente sobre o excesso de peso e o sedentarismo.
Um grande número de estudos mostra a relação entre obesidade/sedentarismo e aumento de risco de câncer de mama, especialmente após a menopausa.
O ganho de peso a partir dos 18 anos está consistentemente associado a um maior risco de desenvolvimento de câncer de mama após a menopausa. A obesidade está frequentemente associada ao aumento dos níveis séricos de insulina e do fator de crescimento de insulina (IGF-1), que, por sua vez, estão associados ao aumento de risco das neoplasias mencionadas acima. O excesso de peso está também associado a um estado inflamatório crônico e a um aumento da produção de estrógeno no tecido adiposo, que pode, por sua vez, aumentar o risco de desenvolvimento de tumores sensíveis ao estrógeno, tais como tumores de mama e endométrio.
Após a menopausa, com a interrupção do funcionamento ovariano, o tecido adiposo passa a ser a principal sede de produção estrogênica. A maior quantidade de tecido adiposo está associada a uma maior produção hormonal.
A Agência Internacional de Pesquisas em Câncer estima que cerca de 25% dos tumores de mama ao redor do mundo sejam decorrentes de obesidade e sedentarismo, dois fatores frequentemente coexistentes e indissociáveis. Assim, nota-se que o aumento da incidência desta forma de tumor está diretamente associado a mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida. Estudos epidemiológicos sugerem que a realização de cerca de 3 a 4 horas de exercícios moderados a vigorosos semanalmente sejam capazes de reduzir em 30% a 40% o risco de câncer de mama em mulheres sedentárias.Mulheres com sobrepeso ou obesidade podem ter elevação de cerca de 50% a 250% de risco de desenvolvimento de câncer de mama.
Consequentemente, é indispensável que os médicos e a população em geral, cientes deste tipo de informação, procurem conscientizar e estimular a população a adotar mudanças de hábitos que visem reduzir o sedentarismo e a obesidade. Da mesma forma, divulgação e promoção de hábitos alimentares saudáveis devem ser promovidos e estimulados.
Vale lembrar que estes mesmos fatores de risco estão igualmente associados a um maior risco de desenvolvimento de uma série de patologias cardiocirculatórias sérias e potencialmente fatais, que constituem verdadeiros problemas de saúde publica. Por isso a importância de enfatizar a adoção de medidas urgentes de difusão deste tipo de informação e de medidas individuais e de saúde pública, visando reduzir a prevalência do sobrepeso e do sedentarismo.
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